O pernambucano radicado em Miami lançou recentemente seu segundo EP intitulado “Satori” em todas as plataformas de streaming. O projeto conta com 03 faixas inéditas que bebem da fonte do Punk Rock dos anos 90, com bastante influência de bandas como Green Day, Rancid e Descendents. Snipes continua apostando em letras com mensagens positivas, porém, provoca conversas sobre evolução da igualdade de gênero e respeito à diversidade.
“Satori” foi gravado no Hillvalley Studio em POA e produzido por Davi Pacote, produtor responsável pelos outros trabalhos já lançados por F.Snipes e que, também já trabalhou com artistas como Badke, Zumbis do Espaço, Carbona, entre outros. A capa ficou por conta do ilustrador e músico Paulo Rocker e o EP leva a assinatura da Grudda Records, selo que tem se destacado na cena nacional com lançamentos de bandas na linha do Punk Rock Bubblegum.
O projeto musical de F.Snipes teve início em julho de 2020, quando o músico sentiu a vontade de se reconectar com a música em meio ao isolamento social por conta da pandemia de covid 19. Com um nome presente na cena punk rock e hardcore, F.Snipes, apresenta em seu novo material uma evolução não só musical, mas como interna.
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Conversamos com o músico sobre sua trajetória, influências musicais, processo de composição e gravação, entre outras curiosidades. Confira a entrevista!
Todo músico tem sua influência, assim como o som do F.Snipes influencia as novas bandas da safra do punk rock e pop punk, vocês se inspiram em alguma banda?
Sim, a música sempre foi bastante presente em minha vida, independente do estilo. Desde criança, sempre fui um grande fã dos Beatles. Aos 12 anos de idade, tive meu primeiro contato com o Punk Rock. Um primo pegou emprestado o Dookie de um amigo que tinha acabado de voltar de um intercâmbio nos Estados Unidos. Foi amor à primeira ouvida. A partir daí, comecei a me relacionar com a cena de Punk Rock do East Bay (Operation Ivy, Jawbreaker, Tilt, Rancid, Mr. T. Experience) e depois conheci o Hardcore Californiano pelas coletâneas da Fat Wreck chords. Acredito que todos os sons que passaram pela minha vida influenciaram diretamente as minhas composições, mas confesso que o Rancid e o Green Day sempre tiveram um grande impacto nas minhas melodias.
Como surgiu o projeto? De onde vem a ideia de um projeto solo?
Eu toquei por diversos anos em bandas de hardcore como a Porão GB e Besouro Verde. Desde 2006 estou oficialmente inativo como música e isso sempre fez bastante falta na minha vida. A música tem o poder de estimular a sua criatividade e sentidos. No início de 2020 a Porão GB se juntou para gravarmos algumas músicas que tínhamos e nunca foram gravadas antes, a chama acabou acendendo de novo e a vontade de registrar algumas composições cresceu. Durante a pandemia, comecei a acompanhar o projeto solo do Badke (Carbona), que estava gravando de forma remota. Percebi que o formato era ideal para a minha situação. Foi nesse momento que conheci o Davi Pacote, dono do Hill Valleys studio em Porto Alegre. Davi é muito mais que um produtor, ele bebe das mesmas fontes e tem basicamente as mesmas influências que eu tenho. O clique rolou na hora e começamos a gravar juntos. O resultado é o que vocês têm visto por aí. O formato solo me dá fluidez para fazer shows com bandas itinerantes, o que facilita a logística e otimiza os custos.
O album “Satori” foi muito bem recebido no Brasil. Como você vê essa interação e receptividade com suas músicas?
Me sinto bastante realizado em saber que de alguma forma estou impactando positivamente a vida de algumas pessoas, independente da quantidade. Todas as músicas que tenho lançado tem mensagens fortes sobre o que acredito e da forma como enxergo a vida. Satori tem bastante disso, fala muito da nossa evolução espiritual e como cada pessoa é diretamente responsável pelo seu próprio caminho. Fico muito feliz em saber que tem pessoas se identificando com as letras e músicas.
Suas letras passam uma mensagem muito forte, de onde vêm as ideias para as composições? Existe alguma composição que seja mais especial para você?
Todas são especiais em sua própria forma. Acho que é uma grande responsabilidade gravar registros que serão ouvidos e possivelmente podem ter o poder de influenciar outras pessoas. As minhas letras são escritas em passos lentos e com muito carinho, sendo guiadas por forças maiores. Elas refletem um pouco a forma como enxergo a vida, além de abordar a constante busca pelo melhoramento pessoal e coletivo como seres humanos.
Como foi o processo de composição, criação e gravação do disco?
Foi curto e intenso. As 03 músicas foram escritas e gravadas em aproximadamente 01 mês e meio. Eu sempre começo criando a melodia e depois trabalho as letras. Nesse álbum, fizemos uma ordem um pouco diferente. Eu pensei nas melodias e arranjos e passei para o Davi Pacote que já trabalhou os instrumentais. Depois de duas semanas, fechei as letras e mandei para ele finalizar as músicas. As vezes fica mais fácil inclusive de pensar na letra quando você já tem o instrumental pronto. A melodia pode direcionar bastante o contexto da letra.
De quem é a arte da capa do single e por que escolheu esse artista?
A capa foi desenhada pelo Paulo Rocker, que também é músico. O Paulo é um grande artista, além de ter uma visão criativa diferenciada. Ele já tinha feito a capa do meu single anterior “Manifesto” e mandei esse novo desafio para ele. Pensamos juntamente no conceito da capa, nos personagens e como contaríamos uma história com apenas uma imagem. O resultado saiu melhor do que eu imaginava, o Paulo conseguiu criar uma floresta mágica com uma roda repleta de personagens que me influenciaram de diversas formas.
Como você está lidando com a pandemia de covid 19? Que tipo de interação está tendo com o público nesse momento de quarentena?
A Covid se apresentou de forma diferente para cada pessoa, mas acho que a mensagem é a mesma para todo mundo: que devemos ter mais respeito pelo planeta e pelas pessoas. Infelizmente a humanidade chegou em um nível de comportamento que interfere na natureza e no fluxo do planeta. O vírus é mais um sinal que precisamos nos repensar como pessoas e sociedade. Pessoalmente, tenho tentado respeitar todas as orientações da OMS dentro das minhas possibilidades. Apesar de toda vontade de querer estar na rua, tocando e rodando o mundo, é preciso respeitar essa pausa para que possamos sair desse momento, que aparentemente, vai levar mais tempo do que imaginamos. Por enquanto, temos que tentar manter a interação de forma virtual e pelas ondas sonoras, mas espero, torço e trabalho para que muito em breve essa situação mude.
Quais os planos para 2021?
Estou preparando o primeiro album que será lançado no formato físico e virtual. O lançamento deve acontecer muito em breve e, o album vai contar com 12 faixas, reunindo todos os singles e eps lançados até o momento, juntamente com duas músicas inéditas. Além do álbum, pretendo continuar lançando singles com uma certa frequência, além de clipes. Infelizmente não devemos ter shows ainda neste ano, mas quero muito fazer uma turnê no início de 2022. Já estou estudando algumas possibilidades e conversando com algumas pessoas. Vamos torcer para que a gente vença logo esse vírus e que o mundo volte a respirar tranquilamente!
Confira o disco “Satori” https://bit.ly/3oKX2yH
Fonte: Collapse Agency