Trazendo narrativas de feitos científicos e relacionando ciência com tecnologia, a ficção científica é um dos gêneros cinematográficos mais amados e ao mesmo tempo, mais desafiadores para serem produzidos. O diretor e roteirista Alessandro Guimarães, responsável pela produtora Parte 2 Filmes e apaixonado por audiovisual, vem integrando o cenário do gênero com suas produções audiovisuais independentes.
Produzir uma série de ficção científica é realizar um projeto ainda mais trabalhoso, visto que normalmente se constrói cenários distópicos ou muitos diferentes da realidade a partir do zero. São produções com muitos detalhes como objetos e figurinos, que também precisam contar a história de forma paralela.
De acordo com Alessandro, produzir esse tipo de gênero no Brasil é ainda mais limitado e caro. Sobre o cenário de produções cinematográficas de ficção científica, ele comenta:
“Apesar de limitações, o mercado nacional está bem mais aquecido com os streamings. Temos exemplos maravilhosos, como 3% da Netflix. No mundo o cenário tem se alterado bastante”, conta Alessandro.
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“A Coréia do Sul e a Alemanha vem modificando o topo das produções de séries que antes era dos EUA. Isso só prova que é possível fazer se houver interesse dos setores responsáveis”, ele explica.
O gênero exige que você crie uma ambiência, riqueza nos detalhes, efeitos visuais, e cada uma dessas camadas precisa estar no orçamento do projeto.
“Um desafio que consideramos importante também é levar o que nós brasileiros somos, para o resto do mundo ver. O mundo futuro já chegou. Hoje temos todas as nacionalidades presentes em qualquer mesa de discussão em grandes negócios, mas eu ainda sinto que o Brasil é apenas visto pelas portas do futebol”, afirma.
Quando eu assisto uma série coreana, por exemplo, quero conhecer Seoul, e experimentar suas comidas típicas, tomar soju e tudo isso por conta das séries. Fazer filmes e séries brasileiras é uma forma de abrir uma janela de todos os nossos produtos, nossos cenários, turismo e oportunidade de negócio de brasileiros com o mundo”, completa o diretor.
Um dos projetos lançados recentemente pela Parte 2 Filmes, produtora de Alessandro, é a série “DARZ”. A trama, que aborda ficção científica, fala sobre um neurocientista que é expulso da universidade por praticar pesquisas nada convencionais envolvendo ufologia e agora precisa provar à comunidade científica que seus estudos estavam corretos e para isso acontecer ele precisa estar na estranha cidade de Violeta, onde acontecimentos estranhos estão ficando mais recorrentes.
“DARZ” já está disponível no Youtube. Confira clicando aqui!
Para ajudar outros amantes da arte a produzirem dentro do gênero, o diretor e roteirista separou alguns passos que podem ajudar na produção de uma série de ficção científica. Confira:
1 – Tem que gostar de desafio e de fazer filmes, mas não é pouco não, é gostar obsessivamente.
2 – Tem alguma ideia original ou um roteiro? Pesquise antes para ver se sua ideia é original. Há uma explosão de ideias hoje e temos que nos certificar de que sua ideia é nova. Aliás, anote todas as suas ideias, não subestime nenhuma.
3 – Se tiver uma ideia, contrate um roteirista para que ele faça a sua ideia virar uma história audiovisual. Se a premissa for boa, o roteirista consegue desenvolvê-la.
4 – Bom, roteiro na mão, bora fazer um documento para vender! Monte um arquivo pequeno com algumas referências do que você quer mostrar, ambiência, referências, figurinos, objetos de cena. É bom ter um argumento também, um resumo da história apenas contada, sem falas, resumido em aproximadamente 4 a 5 páginas.
5 – Para vender a sua ideia você precisa estudar as produtoras e os canais. Não saia batendo em todas as portas possíveis, estude as grandes produtoras e depois veja se elas tem algum departamento que recebe projetos e avalia roteiros.
6 – Se você mesmo quer produzir sua ideia, precisa começar a construir seu currículo artístico. Faça parte de produções, se voluntarie, faça curtas pequenos e vá evoluindo.
7 – Para financiar suas obras você pode começar com fundos municipais que destinam verbas para artistas, leis como a Aldir Blanc e Paulo Gustavo estão quase sendo lançadas novamente e são exatamente para artistas iniciantes. Não subestime o primeiro degrau, ele é extremamente importante.
8 – Depois desse degrau, suba um pouco mais, procure fundos estaduais de financiamento. Nesse momento seu currículo já pode estar um pouco mais avançado, participando de mais obras e também distribuindo suas obras em festivais no Brasil e no mundo.
9 – Se você conseguiu financiar sua obra, vamos lá para a parte da execução: siga o planejamento e o cronograma. Nesse ponto da carreira você já deve ter conhecido muitas pessoas da área para montar a sua equipe: Diretor, Produtor, Assistentes, Diretor de Fotografia e elenco. É muito necessário esse passo a passo. Quanto mais você conversa sobre a sua ideia, mais você se aprofunda nela e mais você terá domínio do que quer realizar. Não é à toa que alguns projetos demoram anos para serem realizados.
10 – Acho que um dos pontos mais importantes para a execução do projeto de ficção científica é conhecer artistas plásticos, artistas que façam mock ups, quadros, bonecos, personagens alinhados à proposta artística da sua ideia. Além desses artistas, procure também produtoras que realizam efeitos visuais que caibam dentro do seu orçamento. Esse tipo de serviço acaba encarecendo bastante o projeto.
“É isso, bora tirar sua ideia do papel!”, finaliza Alessandro. Para acompanhar as produções do diretor, acesso aqui o canal da produtora Parte 2 Filmes.
Foto: Parte 2 Filmes
Fonte: Júlia Diniz – DD Assessoria