Livremente inspirada em “O Curioso Caso do Cachorro Morto”, de Mark Haddon; a peça entra no mundo dessa menina pra falar de amor, luto, perda e acolhimento, sentimentos universais que aproximam a todos nós, não importa o quanto possam parecer diferentes. Afinal, quando começamos a perder quem amamos, como manter sua memória em nós para sempre?
Ana adora desenhar e ama baleias, na verdade, prefere baleias a pessoas e se comunica muito melhor com os seus desenhos. A não ser quando se trata da sua mãe, Ana tem certeza que sua mãe a entende. Com uma maneira toda especial de ver o mundo, um dia essa menina vê esse pequeno universo ser destruído por um mistério: o desaparecimento deste porto seguro. Quando os adultos se recusam a dar respostas, Ana cria a própria aventura e as suas próprias palavras. Pra lidar com a própria dor e a saudade e pra que as baleias continuem a nadar.
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“Ana e a Baleia” começa como uma tragédia e um mistério. A mãe, essa figura tão central na vida da nossa protagonista, desaparece, deixando um enorme vazio e ninguém aceita falar com ela a respeito. Ana tem também uma forma muito única de ver o mundo, que colore a sua trajetória pela peça. Não é preciso saber exatamente porque Ana é diferente da maioria das pessoas que encontra, apenas perceber que ela é. É o seu olhar único que nos guia e nele, encontramos dilemas tão universais quanto o desejo de amor, pertencimento, a saudade e o medo. Ana é qualquer pessoa que já se sentiu excluída e não ouvida e é na universalidade desse sentimento que nos identificamos com ela. Através de um retrato sensível de uma pessoa neuroatípica amadurecendo diante de nossos olhos, vivenciando atritos com um mundo que a exclui ao invés de tentar entendê-la. Ana se relaciona o tempo todo com a figura de sua mãe e de sua avó, montando um quebra-cabeças de suas memórias e de suas origens. Ao mesmo tempo, vive novos e intensos sentimentos com sua única amiga, Suzy, descobrindo sobre si mesma e vivenciando as intensas mudanças do começo da adolescência ao mesmo tempo em que sua realidade muda drasticamente.
Os ensaios presenciais de Ana e a Baleia começaram em fevereiro de 2020. Com o surgimento da pandemia e a necessidade do isolamento social, o processo passou a buscar novas formas de existir. Inicialmente como um projeto paralelo, o diretor e dramaturgo João Hannuch transformou o texto em uma HQ, partindo de imagens e construções criadas durante o processo de ensaios. Ao mostrar a HQ para o grupo, percebeu-se potencial cênico e começou-se uma aventura por um território ainda não explorado: O Teatro HQ. O Teatro HQ nos mostra a possibilidade de expansão do produto teatral (que se torna parte do conceito do que é o teatro pop). Ana e a Baleia é uma peça que pode ser assistida presencialmente, é uma HQ que pode ser lida como tal e também é esse híbrido, Teatro HQ, que oferece uma experiência diferenciada e única ao público.
Sobre a Benvinda Cia
A Benvinda Cia. nasceu em 2016 a partir do desejo de participantes de diferentes grupos teatrais da Cultura Inglesa de aprofundar sua investigação em práticas artísticas. Pesquisadores de uma linguagem Pop e contemporânea, a companhia já passou pelos mais variados universos: do sertão nordestino e a busca pelos sonhos impossíveis (Seja Benvinda, 2016), passando pela complexidade das relações amorosas com recorte LGBT (Limonada, 2017), a fragilidade da saúde mental no mundo contemporâneo (Eu Amo Robô, 2018), até o questionamento dos padrões de beleza no imaginário infanto-juvenil (DinoSarah, 2019), passando também pelo Teatro itinerante, com características imersivas e performáticas (Bernadete Azul, 2019). O grupo investe na colaboração entre seus atores-criadores e direção, criando dramaturgias completamente autorais que dialogam com o mundo que nos cerca. Contou com apresentações e temporadas em teatros paulistanos como iNBOx Cultural, Parlapatões, Viga Espaço Cênico e Cia da Revista, além de centros culturais como a Casa1, Centro Cultural Grajaú, Casa de Cultura Parelheiros, Centro Cultural Vila Formosa, Casa de Cultura Tremembé e o Centro Cultural da Diversidade. Durante o isolamento social, participou do projeto #QuarentenaProjetada, da Mídia Ninja, em parceria com o Instituto Moreira Salles e lançou a peça podcast Princesa Terapia, por meio do Podcast Ato Pop. Estreou a peça DinoLive, uma continuação da peça DinoSarah pensada para o período de isolamento social em formato gameshow, através de seu canal do YouTube, onde também lançou a leitura dramática do HQ do grupo, “Ana e a Baleia”, que integra a programação do festival Respirarte da Funarte, na categoria de artes integradas.
Ficha Técnica:
Texto e direção: João Hannuch
Assistência Geral: Nina Moratto
Trilha Sonora Original: Giovanne Malta
Elenco: Beatriz de Franco, Emma Jovanovic, Jhullie Campos e Virginia Lapoian
Cenografia: Nina Moratto
Serviço:
Única apresentação
24 de julho
Domingo, às 15h
Centro Cultural do Grajaú – Rua Prof. Oscar Barreto Filho, 252 – Parque América – São Paulo
Entrada gratuita
Duração: 50 minutos
Classificação Livre
Fonte: May Calixto