Pernas gordas? Lipoedema é a doença invisível que é confundida com obesidade

Por que tantas mulheres vivem com dor, frustração e vergonha sem saber que não é “só gordura”?

Pernas gordas? Lipoedema é a doença invisível que é confundida com obesidade

Imagine passar a vida inteira ouvindo de médicos, amigos e até da própria família que seu problema é “falta de dieta” ou “preguiça de se exercitar” — quando, na verdade, o que você tem é uma condição crônica chamada lipoedema, ou lipedema.

Foi exatamente isso que aconteceu com Shannon Ashley. Aos 12 anos, suas pernas começaram a crescer desproporcionalmente, enquanto o resto do corpo se mantinha esguio. Com o tempo, ficou cada vez mais difícil encontrar roupas que servissem, lidar com olhares de julgamento e, principalmente, com a dor constante nas pernas.

O que é o lipoedema?

Lipoedema é uma doença crônica e progressiva caracterizada por um acúmulo anormal de gordura, geralmente nas pernas e braços. Mas não é qualquer gordura: ela é dolorosa ao toque, não responde a dieta nem a exercícios e tem um forte componente genético e hormonal.

“É uma apresentação característica: pernas em formato de coluna, geralmente desde a virilha até os tornozelos, e que não melhora com perda de peso”, explica o Dr. David Amron, especialista em lipoedema e referência mundial no tema.

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Apesar de já ter sido descrita por médicos americanos nos anos 1940, a doença ainda é quase desconhecida, mesmo dentro da medicina. De acordo com Amron, apenas 5% a 10% dos médicos têm familiaridade com o lipoedema. E o mais grave: ainda não é ensinado nas faculdades de medicina dos EUA.

Quando o corpo pede ajuda — e ninguém escuta

Ashley passou décadas sendo mal diagnosticada. Foi sugerido que fizesse cirurgia bariátrica, que cortasse calorias, que “tentasse mais”. Mas ninguém perguntava sobre sua alimentação real, e muito menos considerava que aquela gordura anormal poderia ser um sinal de algo maior.

Meu corpo explodiu depois do parto da minha filha”, relata Ashley, que só descobriu a verdadeira causa de seus sintomas após buscar sozinha na internet e encontrar informações sobre o lipoedema.

Quando o lipoedema evolui: o perigo do lipo-linfedema

Ignorado por tanto tempo, o lipoedema de Ashley acabou evoluindo para uma forma mais grave: o lipo-linfedema, quando o acúmulo de gordura começa a prejudicar o sistema linfático, gerando inchaços, inflamações e dores ainda mais severas.

Segundo o Dr. Amron, a inflamação constante gera fibroses que dificultam a drenagem dos líquidos do corpo. Em casos avançados, isso pode causar danos permanentes e tornar a condição inoperável.

Ashley passou por três cirurgias de remoção de gordura anormal — e mesmo assim, ainda enfrenta inchaços, dores nos joelhos e dificuldade de mobilidade.

A esperança que veio com a nova medicação

Depois de começar a usar injeções de tirzepatida — um medicamento originalmente indicado para diabetes e emagrecimento — Ashley notou uma melhora significativa. Curiosamente, os efeitos positivos foram sentidos antes mesmo da perda de peso.

“Minhas dores nas articulações diminuíram, minhas pernas pararam de inchar tanto. Hoje, perdi 36 quilos, mas o principal foi o alívio que senti nas primeiras semanas”, contou.

O Dr. Amron também ficou surpreso: “Pensamos que esses remédios atuariam só na perda de peso comum, mas vimos melhora também na inflamação e na resposta do lipoedema.

Por que o lipoedema ainda é um tabu?

Segundo a Dra. Holly Lofton, diretora do programa de controle de peso da NYU Langone Health, o maior desafio continua sendo o desconhecimento — tanto entre médicos quanto no público geral.

“Muitas mulheres são rotuladas como obesas, quando, na verdade, têm uma condição que não responde à dieta nem ao exercício físico.”

E mais: o preconceito baseado no IMC (índice de massa corporal) ainda impede o acesso a exames, cirurgias e tratamentos, como aconteceu com Ashley, que teve a ressonância dos joelhos negada por “estar acima do peso”.

O que precisa mudar?

Mais informação. Mais empatia. Mais escuta.

Ashley hoje é uma voz ativa na internet sobre o tema. Ela compartilha sua jornada para que outras mulheres não passem pelo mesmo. Porque o lipoedema pode até ser invisível nos exames… mas não para quem vive com ele todos os dias.

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