Uma reflexão por um mundo mais sensível, empático e de portas abertas para sua diversidade de histórias. Esse é o propósito do multiartista Marcelo Fedrá no lançamento do clipe de “As Coisas”, que chega às plataformas.
O clipe de “As Coisas”, composição do próprio (em parceria com Demarca) que integra o seu primeiro álbum solo, “Gravidades”, fala de uma masculinidade que já não cabe mais num mundo onde se rechaça a brutalidade do descaso com outrem – que se propõe ao sensível e ao engrandecimento coletivo, inter e transpessoal.
O vídeo, que contém nudez explícita, porém sem qualquer caráter sexual, parte de uma prática extremamente comum entre as pessoas cis do sexo masculino, que é o ato de esconder o pênis, em sua própria intimidade, para se imaginar como uma mulher (ou tendo uma vagina). A situação representada no clipe pretende, a partir do desconforto, causar reflexão sobre a relação de pudor do homem com o corpo masculino.
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– Este clipe revela, indiscutivelmente, nosso compromisso em reafirmar algo que a sociedade pede para ser escondido em prol da manutenção desta norma absurda em que vivemos. O clipe não caberá nas plataformas moralistas, nem segue o curso deste oceano de conteúdos de produção acelerada – conta Fedrá sobre o processo criativo dele junto ao roteirista Hugo Leo Lourenço.
Mas apesar de toda simbologia impressa no clipe e sua razão poética em cada uma das cenas, algo que é compartilhado entre os autores da letra da música (Marcelo Fedrá) e do roteiro do clipe (Hugo Leo Lourenço) é a noção de que a arte tem em sua natureza a capacidade de abranger interpretações distintas e exprimir histórias particulares. E nesse sentido, o clipe é apenas uma fotografia potente do verso “As coisas menos óbvias e normais revelam sempre mais”, dentre tantas outras possíveis.
A obra retrata ainda o desejo do diferente, da mudança, de não se ser o que está dado. E faz isso metaforicamente através do questionamento dessa masculinidade que causa dor às pessoas que não se identificam com esse padrão de sociedade embebida no patriarcado, inclusive aos homens (cis ou trans; héteros ou não) disponíveis para viver e sentir o que não é trivial. Ela convida o espectador para dentro da cabeça do personagem, interpretado pelo próprio roteirista, que por sua vez busca criar uma identificação com este mesmo espectador.
– Talvez a questão central do vídeo (e da música) seja sobre a complexidade que é caminhar para dentro dos próprios pensamentos e reflexões, mostrando como pode ser doloroso e confuso, mas imprescindível para o processo de saciar as necessidades da alma. E também para a quebra de um padrão, seja lá o que isso venha a significar – reflete o roteirista Hugo Leo.
Com lançamento marcado para o dia 3 de agosto – data em que é celebrado o fim da censura no Brasil – o clipe foi um trabalho realizado a quatro mãos, tendo o próprio Fedrá multifacetando-se nas funções de diretor, câmera e editor, algo que já vem fazendo ao longo de 10 anos através de sua produtora Efedra, e com o designer e fotógrafo Hugo Leo Lourenço, que não só assumiu brilhantemente a responsabilidade de escrever um roteiro tão audacioso, como também optou por atuar em uma interpretação de rara delicadeza para alçar voo, mesmo sendo esta sua primeira experiência em ambas as funções.
Para conferir o clipe de “As Coisas”, acesse https://www.youtube.com/watch?v=ZdhNH1GIVMs
Instagram: https://www.instagram.com/marcelofedra/