“Nasce Mais Um Monstro”: EP de GU1NÉ é um retrato preciso das vivências periféricas

As seis faixas são de Trap, Drill e West Coast e traduzem as experiências de GU1NÉ em Belo Horizonte-MG e Carapicuíba-SP

“Nasce Mais Um Monstro”: EP de GU1NÉ é um retrato preciso das vivências periféricas
Capa de “Nasce Mais Um Monstro” (Crédito: Renato dos Anjos)

“Nasce Mais Um Monstro”, o EP de estreia do rapper GU1NÉ, é também uma resposta aos que não acreditaram nele. Como preto e favelado, percebi que queriam me ver como um monstro, morto ou perdido no mundo do crime, e esse EP veio para ressignificar a palavra que usavam para me descrever, para retificar o curso e o propósito do caminho. Descrevo os desejos, os amores e os desafios que um periférico enfrenta ao crescer em ambientes adversos, onde a violência, a pobreza e a falta de oportunidades são uma realidade constante”, contou o mineiro GU1NÉ, que aos dez anos se mudou com sua família para Carapicuíba-SP, fugindo da criminalidade do bairro onde viviam em Belo Horizonte-MG.

Esse fato é importante para entendermos “Nasce Mais Um Monstro”, já que as seis faixas são retratos das experiências cotidianas de GU1NÉ em ambas periferias, o que torna o trabalho uma leitura fiel da sua realidade. “O EP surgiu após uma reflexão sobre minha jornada, desde os becos de Santa Sofia em Belo Horizonte até as ruas de Carapicuíba, SP. A vida me fez buscar as coisas com muita garra e perseverança, e as situações que enfrentei me moldaram como um monstro. Sem essa atitude e rebeldia para enfrentar as circunstâncias, eu acabaria me conformando com elas. Citando o que vi e vivi nas ruas, enfatizando que sem essa ‘maldade’, o mundo vai te engolir, a vida precisa despertar o monstro que existe em você.”,pontuou ele, que usou o Trap, Drill e West Coast, todos subgêneros do rap, para construir a sonoridade do EP.

“Ao longo das músicas, expresso minha determinação em superar esses obstáculos, muitas vezes recorrendo à malandragem e à resiliência para sobreviver e prosperar. Minhas letras refletem uma mistura de raiva, dor, esperança e determinação, destacando minha luta diária para alcançar meus objetivos apesar das circunstâncias desfavoráveis. Além disso, abordo temas como relacionamentos interpessoais, amor e perda, revelando minhas vulnerabilidades e mostrando minha humanidade por trás da fachada de dureza e bravura. No cerne das minhas músicas, há uma busca por identidade, liberdade e redenção, refletindo a complexidade de minha jornada e a resiliência de meu espírito.”, disse GU1NÉ, pontuando também que o EP tem inspirações em artistas como Djonga, Filipe Ret, Emicida, L7NNON, Tz Da Coronel, Mc Cabelinho.

“Nasce Mais Um Monstro” teve produção musical de Dj Setk Mix e masterização de Mitsuo Moriya. O EP está disponível em todas as plataformas de streaming a partir deste 20 de junho.

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Faixa a faixa – por GU1NÉ

1: Sou Eu: Há uma mistura de dor e esperança, de raiva e resiliência, que ressoa profundamente com qualquer um que tenha enfrentado lutas semelhantes. Não existe o certo ou o errado, é necessário matar um leão por dia e nunca ter medo. É uma canção que incita à ação, que inspira a persistir mesmo quando o mundo parece estar contra nós. É uma música que nos lembra que, mesmo nos momentos mais sombrios, há sempre uma centelha de esperança e uma razão para continuar lutando.

2: Ocasião Perfeita: Uma reflexão sobre a realidade das ruas e os desafios enfrentados por aqueles que vivem à margem da sociedade, não se deixe levar, a ‘droga’ nesse caso é despertar a sua garra a sua coragem. Uma atmosfera sombria e intensa, uma sensação de urgência e desespero. No final, “Ocasião Perfeita” é uma poderosa declaração sobre a vida nas ruas e as escolhas difíceis que muitos são obrigados a fazer.

3 Olhares: Um beat frio e cheio de tensão, uma letra imponderada expondo conflitos internos e pontos de refúgio mentais, um trap quente e dramático. Uma jornada emocional e angustiante. É uma música que nos lembra da complexidade da vida e da luta constante pela sobrevivência. A referência às drogas na mente sugere uma fuga temporária da realidade, uma maneira de lidar com os desafios. Expressa uma frustração com a superficialidade das interações humanas, especialmente quando se trata de amor e relacionamentos.

4 Sonhou comigo: explosão de sensualidade e luxúria, embalada por batidas envolventes e letras provocativas. Ela mergulha no mundo das relações carnais e do desejo, explorando os prazeres e as tentações que acompanham essas interações. Paixão e luxúria, mas também uma reflexão sobre a natureza efêmera dos relacionamentos humanos. É uma música que nos transporta para um mundo de desejo e tentação, onde as fronteiras entre o amor e o desejo se tornam borradas e indistintas.

5 Hoje Não: uma faixa que mergulha nas profundezas da dor e da desilusão, expressando a resiliência e a determinação em superar os obstáculos da vida. A música é carregada de emoção e crueza, capturando a intensidade dos sentimentos enquanto enfrenta a dor da decepção amorosa e as cicatrizes do passado. Reconhecer a saudade que assombra e a sensação de vazio, mas se recusa a se render à melancolia.

6 E Agora?: A música reflete a trajetória de um herói da periferia que, com foco, resiliência e determinação, enfrenta os desafios diários. Com batidas de trap pesadas e letras afiadas, a faixa destaca a importância de se manter firme e não temer, mesmo quando o mundo está contra você. “E Agora?” é um grito de guerra para todos que batalham para transformar sua realidade e alcançar seus objetivos.

Mini bio escrita por GU1NÉ

Iniciei na música através do teatro desde os 6 anos, em uma instituição para lazer e educação a menores de comunidade. Ali aprendi dança, teatro, canto. Tudo isso ainda em Belo horizonte. Devido a criminalidade em meu bairro naquela época, eu e minha família viemos para Carapicuíba-SP. Aqui me aprofundei no mundo da música, cantando em igrejas e até mesmo gravando músicas gospel. Escrevo Rap desde os 10, era algo mais íntimo, mas após frequentar a igreja comecei a expor minhas letras e ao fazer aula de canto perdi a timidez de cantar minhas composições. A composição sempre foi um refúgio mental, sempre foi minha terapia. Quando criança já fui sozinho para show do Emicida, Kamau. O rap sempre esteve presente nas caixas de som da favela que morei em Santa Sofia, Belo Horizonte. Aqui em São Paulo meus amigos da rua e do bairro sempre gostaram das minhas composições, as vezes parava no meio da praça e tocava violão e cantava as minhas letras, o meu bairro (Parque Jandaia, Carapicuíba) fez total diferença para seguir no rap, as pessoas ali me apoiam bastante. Na produção do clipe “Voando Alto”, todos fortaleceram como pode, um com a moto, outro com o ambiente, com a roupa, com a laje.

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