Experimentação e desconstrução marcam disco de estreia da Drama em Crise

Primeiro álbum da banda de Mogi das Cruzes foi lançado dia 8 de dezembro

Experimentação e desconstrução marcam disco de estreia da Drama em Crise
Capa: Drama em Crise

Após os singles “Vertigem”, “Hiroshima Meu Amor” e “Terra em Brasa”, a Drama em Crise enfim lançou o seu álbum de estreia, autointitulado, no dia 8 de dezembro. Rica em referências musicais, audiovisuais, literárias e teatrais, a banda condensa sua pluralidade em um trabalho experimental, performático e pop.

Ouça Drama em Crise aqui: https://ditto.fm/drama-em-crise

Com 15 faixas, o primeiro disco da banda mogiana trata sobre vários temas, mas sempre tendo como pano de fundo um aspecto em comum: o ponto de vista crítico tentando compreender  as angústias da existência na sociedade contemporânea, misturando subjetividade com um olhar crítico da vida urbana no Brasil. É um disco realista, mas não catastrófico: ele chama à ação, faz uma convocatória para mudança dessa realidade.

O disco foi produzido de maneira analógica em um gravador de fita de 16 canais. Além de trazer uma textura sonora diferente, esse contexto coloca os músicos para trabalharem através de um método de gravação que já não é tão usual hoje em dia: “A gravação analógica nos obriga a certas coisas. Tem que ser certeira, fazer no primeiro, no segundo ou no máximo no terceiro take”, conta Gabe Fortunato, vocalista do grupo.

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Dividido em atos, o álbum inicia com o Prólogo, que representa a primeira faixa do disco, “A Crise do Drama Moderno”. No estilo spoken word, a música, que surgiu de um improviso, elucida  o conceito da banda e funciona como uma declaração de intenções, feita sob uma atmosfera atonal e acompanhada de sintetizadores cacofônicos.

Em seguida, vem o Ato 1, denominado de As Chamas, que engloba as faixas “Apolo e Dionísio”, “Hiroshima meu Amor” e “Terra em Brasa”. Enquanto a primeira tem a influência  das bandas New Order e Pulp, a segunda é inspirada no filme de Alain Resnais e na canção da banda britânica Ultravox. Ambas as faixas falam sobre paixão, mas sem romantizações e idealismos. Já a terceira discorre sobre nomes revolucionários e controversos da história do Brasil e da América Latina, Carlos Prestes, Antônio Conselheiro, Lampião e outros.

O Ato 2, As Lágrimas, consiste em mais três músicas: “Choro-Sonho Coletivo”, que tem participação do multiartista Gabriel Coiso e de Jomori, projeto instrumental de post-rock do baixista da banda; “Elogio à Melancolia”, música declamada que fala sobre a tristeza como forma de manipulação; e “A Gaivota”, tomando como referência a peça de Anton Tchekhov.

Já o Ato 3, chamado A Finitude, inicia com a vinheta improvisada “Transicional”, servindo como ponte para o novo momento do álbum, sucedido por “Rei da Escócia”, que toma como base a história de Macbeth, de William Shakespeare, para fazer um paralelo pessoal sobre ambição e o tempo. A faixa seguinte, “Vertigem”, brinca de forma sarcástica com as angústias da vida no capitalismo, num convite ambíguo que diz “se joga no embalo”.

O Ato 4, A Criatura, começa com “Apoteose Anticósmica”, vinheta com participação do artista de synthwave Wiencke, e parte para “Terror e Miséria no Brasil”, mais uma spoken word de cunho antifascista e que trabalha com desconstruções sonoras, como manipulação de delay de fita. “Status Quo” é um punk-rock bastante inspirado em The Clash. Fechando o ato, “SP” que vai na mesma linha que a faixa anterior, sendo um punk mais torto, com dois vocais em diálogo.

O disco encerra com um Epílogo, que conta com a música “Rasga Coração”, uma interpretação caótica de “Rasga o Coração (Choros No.10)” de Heitor Villa-Lobos. Improvisada, é a redenção final do álbum, reafirmando o conceito de estranhamento que é o modus operandi do grupo.

A capa do disco, produzida pelos próprios integrantes, é uma maquete com inspirações na arte naif e na cultura popular, mas com um toque de “esquisito”. 

Drama em Crise foi produzido por Danilo Sevali e Helena Duarte (ambos integrantes da banda Hierofante Púrpura), no estúdio Mestre Felino, em Mogi das Cruzes. O álbum já está disponível em todas as plataformas de streaming e no YouTube, onde o grupo também conta com um clipe para a música “Vertigem”.

Ficha técnica

Vocal e guitarra: Gabe Fortunato
Contrabaixo: Sérgio Jomori
Flauta: Guilherme Araújo
Bateria: Leo Dorea Zocolaro

Letras: Gabe Fortunato

Arranjos e composição: Drama em Crise

Gravado e produzido no Estúdio Mestre Felino por Helena Duarte e Danilo Sevali

Participações especiais:

Gabriel Coiso (“Choro-Sonho Coletivo”)
Wiencke (“Apoteose Anticósmica”)
Synth: Danilo Sevali (“A Crise do Drama Moderno”, “Apolo e Dionísio”, “Hiroshima Meu Amor”, “Apoteose Anticósmica” e “Rasga Coração”)
Piano/Synth: Juliana Rodrigues (“Hiroshima Meu Amor”, “A Gaivota” e “Rei da Escocia”)

Violino: Mateus Valiengo (“Terra em Brasa”, “A Gaivota” e “Rei da Escocia”)

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