Roupas caras, viagens para lugares paradisíacos, academia e muitos produtos de beleza fazem parte do dia a dia de muitas influenciadoras que ganham fama e milhares de curtidas em suas fotos. Mas há um grupo que foge desse padrão, como Júlia Peixoto. Ex-moradora da comunidade Parada de Lucas, ela conquistou uma legião de seguidores com seu jeito autêntico e descontraído.
Aos 20 anos, a jovem, que em sua biografia do Instagram empodera a pessoa que mora nos morros e favelas como a expressão “Favelada no Topo”, relembra como era morar em uma comunidade dominada pelo tráfico.
- Publicidade -
“Fui nascida e criada em Parada de Lucas. Nessa época, eu não tinha liberdade de ir e vir a hora que eu quisesse. Quando tinha um trabalho em uma favela de outra facção, eu não podia ir. Em 2014, a gente comprou uma casa fora da comunidade, na mesma direção, mas do lado de uma outra favela. Só que o tráfico passou a dominar o local. Há um ano eu e minha família estamos morando fora de favela. Minha qualidade de vida melhorou bastante”, pontua a influencer, que tem mais de 1 milhão de seguidores no Instagram, 468 mil no Twitter e 450 mil inscritos em seu canal do Youtube.
Julia conta que já foi vítima de preconceito por morar em favela. “Já fui chamada de favelada, já falaram que eu não tenho dinheiro para comprar roupa. Depois que fui fazer intercâmbio em Miami, questionaram como eu tinha dinheiro para ir para outro país, se eu tinha me prostituído ou estava namorando um traficante. Como se nós ( moradores de comunidade) não pudéssemos ter vitórias na vida. Apesar disso, sempre vou lembrar da onde eu vim. Nunca vou negar minhas origens. Sei bem de toda minha caminhada”, garante.
Júlia diz que começou a postar vídeos sem grandes pretensões e a autenticidade foi o seu grande diferencial nas redes.
“Comecei em 2011. Nessa época, postava vídeo dançando, despretensiosamente. Depois fui dando dicas. Como nunca liguei para opinião dos outros, falava o que me dava na telha e saia sempre com as roupas que eu queria. Em 2017, fiz uma fantasia de unicórnio e do E.T. que viralizaram nas redes sociais, com isso ganhei mais seguidores. Nesse ano, também, fui fazer intercâmbio em Miami. Muitos passaram a me seguir, pois achavam diferente uma favelada ter conseguido isso. Outra coisa que me deu muita visibilidade foi um meme de uma foto minha.”
Contou Júlia, que só foi começar a ganhar dinheiro como influencer 7 anos depois dos primeiros vídeos fazerem sucesso.
“A primeira vez que ganhei dinheiro com a internet foi em 2018, demorei a crescer nas redes sociais”.
A influenciadora ainda tem muitos sonhos para realizar, mas, apesar da pouca idade, já tem algumas vitórias em sua caminhada:
“Um dos meus sonhos que já realizei foi sair da comunidade e ter alcançar um grande número de seguidores. Eu não imaginava que fosse dar certo”.
Para jovens moradoras de comunidade que tem Julia como referência, ela dá alguns conselhos:
“Nunca desista daquilo que você almeja. Por mais que muitos te critiquem, por mais que fiquem contra você, corra atrás dos seus sonhos. Eu fico muito feliz de ter muitos seguidores que são de comunidades do Rio de Janeiro. Não me vejo sem eles. Foram eles que me ajudaram a crescer. Então, é isso, vou sempre para sempre comunidade. E se alguém vier me perguntar, eu jamais terei vergonha de dizer da onde eu vim”.
Fonte: Thiago Martins