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Autora nacional sobre literatura africana nas escolas: “é preciso que os programas escolares deixem de ser racistas”

A história e cultura africana fazem parte da própria cultura brasileira. Somos fruto da miscigenação de etnias diversas e, assim, quem somos hoje advém de quem éramos. A Lei 10.639/03 vem no intuito de trazer às escolas o ensino da cultura afro-brasileira como constituinte e formadora da sociedade brasileira, na qual os negros são considerados como sujeitos históricos, valorizando-se, portanto, o pensamento e as ideias de importantes intelectuais negros brasileiros, a cultura (música, culinária, dança) e as religiões de matrizes africanas. E, principalmente, a literatura africana. Em entrevista, a professora e escritora Natalia Moreno compartilhou sua vivência e opiniões sobre o assunto. 

Em relação à sua vivência de sala de aula, Natalia expressou sua indignação com o não cumprimento da lei. A maneira que a literatura africana é abordada é escassa e ineficiente. Segundo ela, “essa falta da abordagem do tema nas escolas tem três razões: falta de material didático, falta de recursos para pesquisas no assunto e a escassez de docentes capacitados”. 

Ela recomenda livros como os de Mia Couto moçambicano; Chimamanda Ngozi Adichie, nigeriana; e Pepetela, angolano, como boas obras para estudar em sala de aula. Quanto à didática a utilizar, Natalia afirma: “Como qualquer literatura, ela precisa ser prazerosa. A inserção deve ser fluida. Não dá para ficar focando só em períodos históricos e características da época”. Apesar de esses elementos também serem importantes, “é necessário que se analise a especificidade da escrita de cada autor. É preciso mergulhar no universo que aquela obra nos apresenta!”, ela completa. 

Não há dúvidas de que é preciso apresentar a história do povo  africano, que há anos vem sendo anulada. Ressaltar a literatura é um meio para isso, mas nada é possível antes que haja mudanças: “Antes de tudo, é preciso que os programas escolares deixem de ser racistas. O tema só terá a devida atenção quando nosso sistema educacional entender que somos um povo de culturas diversas, aprender a respeitar a história do outro e que sem ela não existiria a nossa como conhecemos”, a escritora conclui.

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No Youtube, Natalia Moreno possui uma série de vídeos sobre a África Lusófona, que podem ser encontrados no link https://youtu.be/KqAEgUMDuDY. Ainda, é autora de livros como Destino Traçado, em que traz um pouco da cultura indígena à narrativa, e Horizonte Azul, recentemente lançado pela Editora Coerência. 

Sobre a autora

Natalia Moreno, nasceu em Porto Feliz, interior de São Paulo. Formada em Letras e Pós-graduada em Literatura Inglesa e Cultura e Literatura (foco em lit. indígena e africana) é professora de língua portuguesa e literatura, palestrante em escolas sobre a importância da leitura na formação profissional e individual.

Autora dos livros Quando eu me Amar, Do Caos à Esperança, Marcas da Vida, Depois da Tempestade, Destino Traçado e Horizonte Azul – a arte do amor.

Redes sociais 

Twitter: moreno_nath

Instagram: moreno_nath

Fonte: Carolina Monteiro

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